A vida sem ética deve ser evitada,
não porque como dizem os moralistas, o que não é um problema pensar assim, “Porque
Deus me Vê”, mas porque na vida dá muito trabalho não ter ética. Tenho um amigo
que trai a esposa, e ele me diz, que ele tem que ter um cuidado com o Whats,
porque tudo aquilo que vai para nuvem chove em algum lugar, tem que apagar da memória
RAM, ou seja, tem que ter um domínio de hacker para conseguir eliminar, porque
uma mensagem no Whats é igual Herpes ela volta, você não sabe mais volta. Este mesmo
amigo me disse, quando ele vai no motel leva mexerica, pois tem um cheiro de
sabonete no motel e a mexerica tira tudo, então ele tem que comprar a mexerica
antes de ir para o motel, ai eu fiz a seguinte pergunta: “Não de menos trabalho
ser fiel, comprar mexerica antes de ir no motel, cuidar do Whats, da memória ou
casar de vez com a amante, que é para acabar com o sexo”. Porque a única coisa
que acaba com o sexo é o casamento. Então a vida sem ética dá muito trabalho. É
preciso ter uma memória enorme. Quando um guarda me para no trânsito que é escasso,
pois disse um aluno meu que só param gente jovem, eu desço do carro tranquilo
pois os documentos do carro estão em dia, inclusive eu guardei o extintor de incêndio,
vá que, vá que ele volte, eu tenho ainda meu kit primeiros socorros eu nunca
sei quando ele vai voltar. Então eu desço tranquilo para ter contato com o
guarda porque está tudo em ordem, aliás sou obcecado com datas de validade, da
menos trabalho ir ao poupa tempo da lapa (São Paulo) que ficar fugindo de
blitz, desviando, indo para cá e pra lá, vai no poupa tempo e faz sua carteira
é muito fácil. Mas as pessoas ficam perdendo tempo, é o que eu digo para os
alunos que colam, ficam horas e horas preparando a cola, dava tempo para ter
estudado. A junção da tradição moral que formou o ocidente, com a reflexão ética
sugerida pela filosofia, que formam o caráter bom o mau das pessoas, torna
aquilo que Luc Ferry em um livro chama de vida valida, Baumann ainda utilizando
seu conceito anterior a 1985 chama de ética pós moderna, esse pequeno livro que
foi traduzido faz essa reflexão importante, Como ser ético em um mundo que ser ético
é igual a ser um babaca? Como ser honesto em um mundo onde desonestidade leva
longe na careira política? Como defender valores nesse mundo? Baumann, responde
algumas dessas questões que eu recomendo aos senhores. Encaminhado para uma conclusão,
temos que pensar que vivemos hoje em outubro de 2015 em naufrágio ético, os
poderes públicos disputam de tal forma, que vocês devem lembrar caindo a
Presidente ou vice, quem assume é o Cunha, olhem nossa situação. Se vocês
não gostarem de belzebus, satanás estará esperando. Eu recomendaria com
lição de casa que vocês estudassem a biografia do Vice-Presidente da Câmara (Waldir Maranhão),
que é a opção que vem depois do Cunha, para quem quiser se sentir deprimido
mesmo hoje, estudem isso. As pessoas protestavam pela falta de ética colocando
a camisa da CBF e da FIFA e iam para paulista, duas instituições afogadas na
falta ética, e finalmente o mundo empresarial, até de forma positiva é inédito no
Brasil, nós paramos de falar da corrupção passiva que é a do político, e
passamos a tratar da corrupção ativa que é a do empresário. Isto é muito
importante, começamos a perceber o outro elo, o indivíduo e a sociedade agora podem
ver com clareza essa ambiguidade. Lembrando aos senhores o que eu aprendi em Brasília
dando essa palestra; Se nós temos denúncias brutais sobre a Petrobrás, a Petrobras
em Setembro 2015 bateu o recorde de produção de barris de petróleo no Brasil,
2.4 Milhões de barris por dia. O que significa isso? Que a maioria da Petrobras
é formada de trabalhadores como nós, dando um esforço titânico em plataformas isoladas
no mundo, para que nós tenhamos chegado nesse número assombroso, ou seja, que
nós ficamos olhando para as diretorias e esquecemos que aqui nessa sala e em
todas salas o Brasil continua existindo, porque a maioria dos brasileiros é
honesta, paga seus impostos, tenta evitar multas, quando leva multa pagas suas
multas e vive sua vida em torno de trabalho, família e valores éticos. E é bem
isso que esquecemos, pois passamos a confundir o estado com a sociedade, nós
esquecemos desse detalhe. Sérgio Buarque, trabalhou com a ideia de homem
cordial, significando que o brasileiro funciona do ponto de vista, muito
passional ou muito emotivo, e eu vou buscar em uma raiz um tema que é a carta
de “Pera Vaz de Caminha”. Caminha escreveu o primeiro documento sobre o Brasil
e ao final da carta, e diz que: “A terra foi descoberta, das suas características
... “ e diz o seguinte, ele pede ao rei que mande vir da ilha de São Tome,
Jorge de Osório meu genro, ele está pedindo ao rei um emprego, para um
familiar. Não é corrupção, pois no antigo regime não há concurso público, não está
infringindo uma regra, a única forma de ser contratado é a indicação real, mas
o Brasil começa com essa relação pessoal. “Professor o senhor vai tirar minha
prova, achei que erramos amigos!” E eu respondo: “amigos sim, cumplices não”.
Quer dizer que minha ética não depende de minha relação afetiva com você,
depende de regras morais. Muitas vezes ouço, achei que o senhor gostasse de
mim, respondo, eu gosto de você mais odeio deslize ético. É uma pergunta muito comum
no Brasil e para piorar, isso é muito importante termos claro, nós somos o país
que manteve por 388 anos dos nossos 515 anos a barbárie da escravidão. O que
isso significa? Em primeiro lugar que o campo do trabalho, foi contaminado pela
noção que trabalho é coisa de escravo, até hoje quando se sai para dar aula,
alguém canta na sala dos professores “LeLe
Lele LeLeLe”. A música da Isaura, quem não lembra anota que é importante. O
fato de que uma parte da sociedade brasileira e portuguesa se acho no direito
de trazer seres humanos a força, através de uma fatal na África, e submetê-los
a um serviço não remunerado e aviltante, destruição do valor humano, no início
do século XIX. “Os Porquês” dos operários do Brasil começaram a ganhar os
direitos 1930 e a domésticas ganharam o dever pleno em 2015, fundo de garantia
foi aprovado esse ano. É a sobrevivência da barbárie da escravidão, é a sobrevivência
da ideia denunciada de forma suave em filmes, com em “Que horas ela volta” (Com
a Regina Case). Denunciada essa desigualdade e desumanidade, que nos tanto
formamos essa herança barbara. Se um ser branco for as compras ou ao passeio,
com outros dois seres humanos carregando, um levando o lanche atrás para uma
senhora e outro um guarda-chuva, essa foi muita ideia que marco as relações de
trabalho pela falta de ética. Então nós temos que superar uma herança especifica
do Brasil, que é a herança da escravidão, que é a ideia que possa ver os seres
humanos como inferiores, que possa ver seres humanos pelos quais devo fazer
luto e outros pelos quais não preciso fazer luto. Que uma chacina em Osasco não
tenha o peso de uma chacina que ocorrera no Oscar Freire. Nos continuamos
contaminados por essa barbárie, esse é um dos defeitos éticos brasileiros, um
dos mais graves, nos selecionamos quais os seres humanos, pelos quais eu devo
fazer luto e pelos quais não, isso tem a ver com essa tradição. Para piorar, é
muito difícil eu trabalhar em um país que segundo, tanto D’Matta quando Richard
Mors, nós afastamos o SIGNIFICADO do SIGNIFICANTE na fala, em outras palavras,
onde a pessoa que me diz: “Eu vou estar chegando tipo umas nove”, seja qualquer
coisa entre nove e a segunda vinda de Jesus Cristo para a terra, ou seja, que eu
não tenho a menor ideia a esse respeito. O fato que nossa fala não contem a ação
concreta, quem pode fazer esse relatório? Ela, não contêm a ação concreta é uma
grande questão. É o problema eterno, o mais grave, aquele que nós mais devíamos
deter, é o duplo discurso de exigência de ética absoluta para os outros, especialmente
para os governantes que é correto, mas uma frouxidão absoluta com a cobrança de
minha ética. Logo, a ética dos outros é uma ética duríssima, a minha ética, é
uma ética frouxa. Quando eu começar a pensar objetivamente, que é muito grave
talvez a coisa mais grave, alguém desviar dinheiro público para benefício
privado, é menos grave, mais continua sendo grave, que estacionar na vaga de
idoso ou de cadeirante, é menos grave, prejudica menos gente, mas continua
sendo um deslize ético. É muito grave furar a fila, é muito grave comprar
carteira de estudante para ter direito a meia entrada, é muito grave fazer
essas coisas. Não é a coisa mais grave do mundo. A podridão política tira
dinheiro da merenda para comprar apartamento em Miami, isso é o limite da barbárie.
Porque ser ético? Porque seguir a ética? Porque tentar ser bom? Porque
implantar normas? Talvez seja mais fácil responder como nos países que a
resposta foi não, a Síria de um não às essas respostas. Não quero dialogar com você,
nem estabelecer contanto ético, não respeito o teu dinheiro e não existe teu
direito de existência. Resultado, a população inteira da Síria está se jogando
no mar, porque não é mais possível ficar em terra. Esse ponto de barbárie é a falência
da ética. “Não cabe ao governo implantar o paraíso, cabe o governo evitar o
inferno” (João Pereira Coutinho). Não cabe a cada um de nós implantar o paraíso
no mundo, não é possível talvez, mas é possível imaginar que ao menos, que no
pequeno universo, onde eu trabalho, na minha família, nas ruas da minha cidade
quando eu dirijo, que aquele espaço seja mais ético possível, seja o mais cheio
de valores, porque isso tona a vida viável, não porque tem alguém me olhando,
mas porque, EU VIVO NAQUELE ESPAÇO. E
essa é a grande questão ética, o grande desafio e com esperança, eu noto nesse
momento brasileiro, nós estamos em um desafio ético enorme, na chance de mudar
tudo, a crise econômica tornou a ética visível. Porque em época de abundância econômica
ninguém critica a falta de ética. Crimes maiores cometidas no passado foram
deixadas de lado, desemprego e inflação nos tornam mais aristotélicos, farinha
pouco e o pirão primeiro. Estamos mais egoístas, chegou a hora de fazermos uma transformação,
que começa com cada um de nós, é essa questão que hoje me preocupa muito, que
hoje me anima muito, imaginar um país grande, diverso, com mais de 200 milhões
de habitantes, como pessoas muito variadas, falando a grosso modo a mesma língua,
com uma certa tradição histórica, quase todo mundo aponta a mesma coisa, todos
querem uma nação mais ética, todos querem um país mais justo, nós talvez, curiosamente
tenhamos dado o primeiro passo nesse sentido, só quando eu lanceto o furúnculo a
primeira reação não é agradável, eu estou colocando décadas de falta de discurso
ético para fora, se isso vai ser uma grande transformação é uma resposta que está
agora, daqui para diante, nas mãos de cada um de nós eleitores, cidadãos, servidores
públicos.
Palestra proferida por Leandro
Karnal durante 4º Congresso sobre gestão de pessoas no setor público
paulista.
Palestra do Leandro Karnal ne?
ResponderExcluirKkkkk do Karnak
ResponderExcluirKkkkk ok que ridiculo